Brasil | Após as enchentes, angústia e controvérsia

Moradores do estado da Bahia, no nordeste brasileiro, na quarta-feira tentaram resgatar o que puderam sob os escombros após as enchentes causadas por chuvas torrenciais, e a ausência do presidente Jair Bolsonaro no terreno foi alvo de fortes críticas.




O número de mortos aumentou ainda mais, atingindo pelo menos 24 pessoas desde o final de novembro.

As enchentes afetaram 140 municípios, ou um terço dos da Bahia, afetando quase meio milhão de pessoas e deixando mais de 90.000 desabrigados.

Os meteorologistas agora temem que violentas tempestades carregadas de chuva atinjam os estados densamente povoados do sudeste do Brasil nos próximos dias, particularmente os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Em Itapetinga, uma das cidades mais atingidas do sul da Bahia, Carlos Batista da Silva aponta para uma placa na parede acima de sua cabeça que mostra o nível que a água atingiu.

Tentamos retirar os móveis, mas não tivemos tempo. “Só conseguimos salvar a televisão”, disse ele à AFP.

“Perdemos tudo”

Em Itampe, outra cidade do sul da Bahia, Watson Gomez mostra o que restou da casa do sogro: parte de uma parede e uma pilha de madeira, e restos de móveis destruídos.

Estamos tentando ver o que podemos economizar sob os escombros. Em algumas casas, a porta teve que ser quebrada para ajudar os idosos a sair.

Quando consegui voltar para casa, a água estava subindo até o umbigo. “Perdemos tudo, é uma devastação completa”, diz Elyan Silva, moradora de Itambé.

Em cidades onde o nível da água começou a cair, montanhas de ruínas aparecem em uma área deserta. As áreas mais afetadas só podem ser alcançadas por barco de borracha ou helicóptero.

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Mas outras áreas ainda corriam o risco de novas inundações e os residentes tiveram que ser evacuados por precaução.

Os bombeiros da Bahia ficam de olho em dezenas de represas perto do rompimento e rios que ameaçam inundar. No total, mais de 40 estradas foram danificadas.

Bolsonaro em um jet ski

O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro assinou na terça-feira um decreto autorizando um empréstimo excepcional de 200 milhões de reais (cerca de 30 milhões de dólares canadenses) para reparar a infraestrutura em cinco estados afetados pelas chuvas, incluindo 80 milhões atribuídos à Bahia.

Mas o governador da Bahia, Rui Costa, disse nesta terça-feira que o dinheiro era “insuficiente”.

“A escala da destruição é impressionante. Parece que há guerra”, insistiu o representante eleito do Partido dos Trabalhadores (PT, à esquerda) do ex-presidente de esquerda Luís Inácio Lula da Silva, favorito contra Jair Bolsonaro em outubro de 2022 eleição presidencial.

Na segunda-feira, Rui Costa já descreveu as enchentes em seu estado como “o pior desastre da história da Bahia”.

O presidente Bolsonaro foi amplamente criticado por sua ausência: vários ministros sobrevoaram as áreas afetadas pelo desastre na terça-feira, enquanto desfilavam em um jet ski em uma praia no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil.

“Espero não ter que encurtar minhas férias”, de acordo com o site de notícias local Santa Catarina en de Mais.

A hashtag #BolsonaroVagabundo (Bolsonaro preguiçoso) tem sido uma das hashtags mais utilizadas no Twitter no Brasil nos últimos dias.

Na quarta-feira, o chefe de estado se contentou em postar nas redes sociais o vídeo de um helicóptero da Marinha carregando alimentos, com a mensagem: “Ainda está aí na Bahia”.

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“Não é só irresponsabilidade, é falta de empatia. Quase 500 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes na Bahia e onde está o presidente? O deputado de esquerda Marcelo Freixo lançou no Twitter nesta quarta-feira.

Muitas celebridades se mobilizaram para exigir doações para ajudar as vítimas, notadamente os cantores baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso.

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