A China quer importar mais produtos da Alemanha, e contribuir assim para um maior equilíbrio da balança comercial entre os dois países, disse hoje o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, no fórum económico sino-germânico, em Berlim. A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que a economia alemã irá beneficiar de encomendas chinesas no valor de milhares de milhões de euros.
Wen considerou no seu discurso a Alemanha “uma importante mola propulsora” para a cooperação entre a Europa e a China.
“O actual desenvolvimento positivo das relações sino-europeias é impensável sem o apoio e o esforço da Alemanha”, sublinhou o chefe do governo chinês.
Wen anunciou ainda que a China pretende duplicar o seu volume de negócios com a Alemanha. Em 2010, a China exportou para a Alemanha mercadorias no valor de 76 mil milhões de euros, e importou produtos alemães no valor de 53 mil milhões de euros.
“A China está disposta a importar mais produtos de ponta alemães, e em troca deseja um rápido reconhecimento como economia de mercado por parte da Alemanha”, disse Wen Jiabao.
O primeiro-ministro chinês reiterava assim uma das suas principais reivindicações face a Bruxelas e Berlim, embora na véspera do encontro fontes diplomáticas alemãs tivessem deixado claro que não houve progressos nesta questão, e que ela não está na agenda das conversações no âmbito da primeira ronda de consultas sino-germânicas, que inclui uma reunião entre os dois governos.
Para isso, Wen viajou para a capital alemã com 13 membros do seu gabinete, e presidirá à assinatura de 22 protocolos e 14 acordos económicos, ainda hoje.
Wen Jiabao pediu ainda à Alemanha que apoie o fim das restrições a exportações europeias para a China, aludindo assim ao embargo de venda de armas para este país, que Bruxelas e Berlim, no entanto, pretendem manter.
No seu discurso, Angela Merkel referiu, no entanto, que “a confiança entre a Alemanha e a China aumentou e é uma boa base para incrementar as relações bilaterais”.
O ministro da Economia alemão, Philipp Roesler, que também interveio no fórum económico, exigiu “condições justas” para as empresas alemãs poderem competir no mercado chinês.
“Precisamos não apenas de segurança jurídica, mas também de regras de um Estado de Direito”, disse o político liberal, dirigindo-se à numerosa plateia de políticos e empresários alemães e chineses.
Na chancelaria federal, serão hoje assinados vários acordos de cooperação entre os dois países, incluindo um investimento de 860 milhões de euros da empresa química alemã BASF em Chongqing, bem como acordos sobre projectos da indústria automóvel e da indústria de construção de máquinas.
Num primeiro encontro entre Merkel e Wen Jiabao, ontem à noite, foi já abordada a questão dos direitos humanos na China, segundo um porta-voz do executivo alemão.
“Houve uma intensa troca de impressões sobre o desenvolvimento da sociedade na China”, disse o mesmo responsável, sem adiantar mais pormenores.
LE com Lusa