A venda de vinhos portugueses de qualidade em Angola tem registado um forte crescimento e Portugal tem de aproveitar a oportunidade para evitar perder terreno com a entrada de vinhos de outras regiões, defendeu fonte do sector em declarações à Agência Lusa.
António Pinheiro, da Atlanfina, empresa angolana do grupo português Atlântica, defendeu, esta quarta-feira, que «Portugal tem em Angola um mercado com oportunidades para crescer, mas, se não aproveitar rapidamente, vai acabar por perder a vantagem que resulta da relação especial entre angolanos e portugueses», concluiu.
Proximidade entre Portugal e Angola representa vantagem comercial
«Nos mercados europeu e americano, é necessário um grande esforço de marketing para vender vinho português porque as marcas não são conhecidas, o que não acontece em Angola, onde os consumidores procuram produtos portugueses porque conhecem as marcas e reconhecem- nas como sinónimo de qualidade», acrescentou.
Para António Pinheiro, esta é uma «importante vantagem» que os vinhos portugueses possuem no mercado angolano, alertando, no entanto, que ela pode começar a ser posta em causa com a chegada de vinhos provenientes de outros países, como a África do Sul ou o Chile.
A Atlanfina é actualmente o principal importador de vinhos portugueses de qualidade para Angola, onde representa em exclusivo marcas como a Herdade do Esporão, Real Companhia Velha, Sociedade de Vinhos Borges, Quinta do Portal, Companhia das Quintas, Quinta das Pancas, Caves Primavera e Montez Champalimaud, entre outras.
Crescimento da economia e estabilidade interna potenciam aumento da procura
Na perspectiva de António Pinheiro, este aumento resulta principalmente do crescimento da economia angolana, que originou um maior poder de compra, mas também da estabilidade da situação interna, que permitiu alargar o mercado.
«Até há poucos anos, o mercado angolano era só Luanda, mas agora é muito mais do que a capital do país», salientou, acrescentando que o maior aumento da procura se tem registado nos «vinhos mais caros».
Vinho tinto representa 85% das vendas da empresa em Angola
Ao contrário do que seria de esperar num país com clima tropical, onde seria natural que os vinhos brancos fossem os mais consumidos, o mercado angolano é dominado pelos vinhos tintos, que representam 85% das vendas da Atlanfina.
“Penso que é uma questão cultural, herdada dos portugueses”, considerou António Pinheiro, acrescentando, no entanto, que essa “tradição” é desvirtuada em Angola pelo facto de ser muito frequente refrescar os vinhos tintos, “que é algo que os portugueses não fazem”.
Aposta em formação
Para tentar melhorar o conhecimento dos vinhos portugueses, permitindo que sejam consumidos nas condições ideais, a Atlanfina tem vindo a promover regularmente acções de formação.
A questão da formação tem sido também uma preocupação do ICEP, que promove regularmente em Angola acções dirigidas a profissionais angolanos, permitindo-lhes um melhor conhecimento dos vinhos portugueses.
LE com Lusa