Com a queda para 47º lugar no ranking dos exportadores de mercadorias e para o 35º na listas dos exportadores de serviços, Portugal pode ver comprometida a meta de registar um crescimento de 1,1% em 2006, revela a edição de hoje do Diário Económico.
Portugal viu, no ano passado, a sua posição deteriorar-se no ranking mundial de exportadores de mercadorias e de serviços, o que pode ser um mau sinal para as intenções do Executivo português em sustentar o crescimento económico de 2006 numa evolução de 5,7% das exportações, adianta aquele diário.
Segundo os dados preliminares da Organização Mundial de Comércio (OMC), Portugal caiu cinco posições no ranking dos exportadores mundiais de mercadorias, passando de 42º lugar para 47º. Com esta descida, Portugal foi ultrapassado pela Argentina e Chile, que no ano anterior estavam atrás da economia nacional. Imediatamente atrás da quota de mercado nacional em termos mundiais ficam a Ucrânia e o Vietname, cujas negociações de adesão à OMC entraram, em Março, na fase final.
Já ao nível das importações, Portugal manteve o 35º lugar entre os maiores importadores de mercadorias.
Na área dos serviços – responsáveis por cerca de dois terços da riqueza nacional – Portugal perdeu apenas duas posições, caindo do 33º lugar para o 35º. Uma tendência que se verificou também ao nível das importações de serviços uma vez que o país desceu da 41ª posição para a 42ª.
A perda de relevância de Portugal em termos de comércio internacional ganha dimensão pelo facto do Executivo de José Sócrates ter inscrito no Programa de Estabilidade e Crescimento, uma previsão de crescimento das exportações, em 2006, de 5,7%, para conseguir obter uma progressão do Produto Interno Bruto de 1,1%, salienta a publicação.
Perda de quota de mercado atinge novos sectores
O Banco de Portugal, no seu Boletim de Primavera, alerta que as perdas de quota de mercado das exportações nacionais já atingem sectores de «conteúdo tecnológico intermédio» como o automóvel. Por isso, o défice comercial tem-se agravado, atingindo já 11% do PIB.
As exportações têm vindo a perder competitividade, segundo o Banco de Portugal, não só devido à apreciação do euro, mas também devido ao maior crescimento dos custos unitários de trabalho e pelo padrão de especialização produtivo, que está demasiado assente em «produtos [têxteis, vestuário e calçado] com baixo conteúdo tecnológico e de capital humano», que assim enfrentam a concorrência feroz e directa das economias de baixos custos de mão de obra, como as asiáticas.
O resultado está patente na perda de quota total dos exportadores, que sofreu uma contracção de 3,7% contra os 3,8% em 2004.